20.3.20

A Primavera, a chegada do número 5 e do inesperado...

Acho que nunca tive tanto tempo sem escrever aqui, na verdade o tempo para parar, sentar e fazê-lo escasseia mas não poderia deixar passar em branco e sem registo a minha celebração preferida do ano.
Este ano mais especial ainda porque para além do aniversário da Bakewell, da chegada da Primavera resolvi celebrar Março não só com o dia da mulher mas sim todo o mês.
Na realidade isso serviu apenas de desculpa para juntar um grupo de amigas e mulheres que muito admiro; pausar e celebrar cada uma de nós, partilhar ideias, histórias e vivências. E não há melhor do que isso ......................................................................................................................................................




Pois.... Este era o início do texto que tinha começado a escrever ainda no dia 08/03, dia da mulher e mal eu sabia que seria o dia em que estive reunida, que abracei, que dei mãos, que toquei pela "última vez" até vai se lá saber quando ...
Ainda ponderei se continuava a fazer sentido esta publicação, depois do mundo levar um valente abanão, as nossas vidas terem dado uma reviravolta sem precedentes e todos termos dado uma valente cambalhota, alguns mesmo ainda sem saber para que lado caíram e sem saber como se hão-de levantar...
Eu própria já passei por várias fases, a actual não é a mais bonita e brilhante de todas, mas já me encontro na aceitação e só o facto de me lembrar daquele dia tão bonito e alegre em que estivemos todas juntas e desejar com todas as minhas forças que isso possa acontecer novamente muito em breve faz-me ganhar forças para continuar a levar isto com a calma e leveza mas também seriedade necessárias.








Nunca pensei que iria passar o aniversário da Bakewell a escrever sobre coisas menos boas e que irão mudar tudo para sempre, mas que acredito que a mudança será no final uma coisa positiva ainda que por causa dum motivo tão mau e assustador.
O que importa hoje é celebrar, nem que seja eu aqui, sozinha e cada um de vocês desse lado. Que a festa se possa fazer virtualmente e que possamos voltar a fazê-lo física e presencialmente bem depressinha.







Agora é tempo de parar, já o temos disponível novamente (e isso é só uma das coisas boas que este momento nos está a trazer, nem tudo é mau), estar recolhido, olhar para dentro, dar mais valor a coisas que até agora nem reparávamos e conectar com pessoas duma forma mais genuína, constante e solidária; porque afinal todos temos os mesmos medos, incertezas e dúvidas.

Talvez aprendamos agora a ouvir mais o nosso planeta e fazer da sua preservação o ponto central nas nossas tomadas de decisão (possivelmente teremos até um mundo muito melhor depois disto, as emissões de CO2 já diminuíram drasticamente, os canais de Veneza já têm a água tão limpa e translúcida que os peixes voltaram e existem animais em liberdade por tantos locais que até agora se pensava impossível).

E talvez a humanidade se torne mais humilde e menos egoísta depois desta experiência e comecemos a abrandar as nossas vidas de forma a vivermos mais e apenas com as nossas necessidades básicas, não tirando mais do que o necessário e dando também em troca.







Entretanto o nosso dia-a-dia viu-se completamente alterado, existem já grupos de apoio, grupos de sugestões sobre como passar o tempo e as mais inesperadas e divertidas actividades estão a surgir daí. Apps para facilitar a comunicação, as chamadas de vídeo e em grupo fizeram também com que as pessoas se unam e vejam mais.
Vejamos sempre o lado positivo, nem tudo é mau; estamos todos juntos, isto há-de passar e vamos todos ficar bem :)

Celebrar continua a ser um bom motivo, só porque sim e também por estarmos aqui e no meu caso por tê-lo feito com estas mulheres maravilhosas: 5 mulheres, 5 exemplos para celebrar os 5 anos da Bakewell.
Deixo uma breve nota de cada uma destas pessoas que tanto gosto e do seu percurso profissional enquanto empreendedoras. Queria usar as minhas próprias palavras mas quem melhor do que cada uma delas para falar um pouco sobre si e dar o melhor testemunho?!:






- Nathália Lovati (Lovati Photography)

"A fotografia faz parte de mim desde que me entendo por gente. Enquanto minhas amigas pediam de presente dispositivos para ouvir música, brinquedos, jogos... eu pedia sempre uma câmara melhor do que a anterior. Na verdade, não tinha contacto com fotógrafos ou com o mundo das artes, mas parece que a fotografia me encontrou.
Aos 12 fiz o meu primeiro ensaio com uma amiga, onde até editei as fotografias e criei um DVD e a família dela se reunia para assistir. O tempo passou até que aos meus 15 anos consegui comprar uma câmara legal e foi ali que o meu olhar começou a se desenvolver. Andava sempre com essa câmara e fazia parte dos meus dias, mas ainda assim não pensava em trabalhar com isto, afinal "arte não enche barriga". Até que comecei por conta própria a estudar fotografia: na internet, youtube, livros e nos próprios manuais das câmaras. Foi fatal. Me apaixonei. No ano passado fotografei o casamento dum professor meu do secundário e ele lembrou desta época: eu na sala de aula já com uma caneca em forma de lente de câmara.
Nunca antes havia sentido que pertencia tanto a algo quanto pertenço à fotografia. É simplesmente algo inato em mim. algo que pede para ser feito, pede para ser expresso através de mim. Quando fotografo sinto alinhar mente, olhos e coração, e é a minha principal forma de meditação. Toda a minha atenção vem pro agora e sinto que mesmo que eu me envolva com outras áreas afins, pois tenho múltiplos interesses, deixar de fotografar nunca será uma opção. Parece que a cada dia cresce, na medida em que eu alimento. Muitas águas correram desde então, e hoje a Lovati é composta por mim e pelo meu companheiro Pedro, e eu não podia estar mais feliz.
Do Brasil para a Europa, a Lovati vem criando memórias preciosas e mais que isso, nós sempre quisemos conexões reais, fazer algo simplesmente verdadeiro.
Estar com outros profissionais que vivem essa mesma filosofia e esquecer a velha ideia de competição e assumir os novos conceitos de cooperação. Para além disso, nos faz crescer profissionalmente e emocionalmente nos dá suporte.
Na minha trajectória muitas mulheres foram essenciais para que eu continuasse em frente, porque nenhuma de nós é tão boa quanto todas nós juntas!
"






- Alexandra Barbosa (A Pajarita)

"Como, quando e porquê? Eu não procurei, na verdade A Pajarita (a ideia) encontrou-me. Tinha regressado a Portugal e estava a dar aulas de artes plásticas e a criar peças personalizadas num atelier privado. Adorava o contacto com as pessoas, alegrava-me a alma ver o desenvolvimento dos meus alunos. No entanto, era desgastante e castradora a luta diária que tinhas nas consecutivas tentativas de abrir horizontes aos proprietários desse espaço. Um dia, conheci a Olga, uma simpática e amorosa professora de físico-química, um doce e estava noiva. Mais tarde tornou-se numa amiga e numa cliente d'A Pajarita. Andava à procura de alguns detalhes para o casamento, porta alianças, missais... entre outras coisas. Lançou-me o desafio e logo foi aceite. Realizei as peças que sonhara e a alegria dela quando as viu foi contagiante e despertou algo em mim. Decidi recomeçar, a vida estava-me a dar uma oportunidade, nova fonte de realização. Como gosto de desafios e de fazer coisas sempre diferentes (a monotonia desconcerta-me!), a ideia foi amadurecendo e ganhando forma e, assim, "nasceu" a outra Alexandra, A Pajarita (em homenagem ao país que me acolheu como filha durante mais de 5 anos)."






- Patrícia Pinheiro (Patrícia Pinheiro Make Up)

"Ainda no tempo de escola, sem saber bem que rumo seguir, uma professora dizia-me que a minha vocação era o mundo das artes! Não dei muita importância na altura. Segui um caminho distinto, até há quase 10 anos atrás em que, por curiosidade e por gostar de cuidar de mim, resolvo investir numa formação de maquilhagem, maquilhagem é arte no sentido mais bonito que conheço. À medida que ia praticando tudo começava a fazer sentido... Não era o facto de transformar alguém, era mais que isso, era a sensação de felicidade e de dever cumprido quando alguém se olhava ao espelho e dizia: "Estou tão bonita". Nós mulheres sabemos bem o significado disso numa sociedade tão exigente para connosco, aí percebi definitivamente o meu lugar, acabamos por partilhar tanto que fiz amigas que levo para a vida e, só por isso, já valeu, continua a valer a pena."






- Rute Carvalho (Romã Eventos)

"O projecto da Romã nasceu de um sonho com mais de 10 anos. Sempre sonhei em ter um projecto próprio que proporcionasse momentos e experiências únicas, onde se criassem memórias inesquecíveis para quem deles usufruísse. o meu sonho era tocar a vida das pessoas e dar-lhe cor e magia em dias especiais.
Hoje, ao trabalhar na Romã é como se tivesse uma varinha mágica nas minhas mãos que torna tudo possível. Mas este sonho teve um longo trajecto, percorrido durante mais de uma década. Ao longo do caminho houveram muitos momentos de aprendizagem, muitas frustrações, desgostos pessoais e profissionais, muitas perdas e, claro, tantos outros encontros felizes.
Durante onze anos trabalhei em áreas ligadas à educação, política e cultura e, durante esse período, colaborei na organização de vários eventos nessas diferentes áreas. A par de tudo isto, como hobby, ajudava a organizar casamentos e eventos familiares, achando sempre que essas actividades nunca deixariam de ser isso mesmo, um hobby.
Felizmente, houve um momento em que o meu coração falou mais alto e me pediu para ouvir a minha verdadeira vocação. Foi assim que nasceu a Romã Eventos - Pequenas Sementes Grandes Sonhos.
O auto-conhecimento e a aprendizagem constantes é algo que valorizo muito e acredito que, para trabalhar numa área que está tão ligada aos sentimentos, a empatia é uma ferramenta fundamental. Conseguirmo-nos colocar no lugar do outro, dar-lhe a mão e guiá-lo pelo melhor percurso possível é algo tão, mas tão importante. Quase mais importante até que o resultado. É criar uma relação de confiança que não se pode quebrar e só quem acompanha os seus clientes de perto sabe o que se vive durante os vários meses de trabalho. É saber que cada vitória tem um sabor especial e constitui uma verdadeira conquista interior. É saber que, por vezes, o sofrimento pode ser - e é - um grande motor de crescimento, de descoberta e de sabedoria. E esse sofrimento acontece durante o planeamento dos projectos. Afinal, não "ganhamos" todas as batalhas a que nos propomos. E ainda bem que assim é.
No meu caso, uma das experiências que mais me marcou foi o meu divórcio. Tive um casamento fugaz que durou quatro meses. Acreditava que seria para toda a vida, mas terminou de um dia para o outro, contrariando a minha vontade. Esta experiência trouxe um sofrimento avassalador e tantas outras emoções às quais nunca tinha sido exposta. Atravessar todos esse caminho de dor fez com que acreditar no Amor e ter Fé acabasse por ser o que de mais bonito me podia ter acontecido. Agora sei que tinha razão para acreditar - o melhor estava por vir.
Acho que eu renasci com a Romã e a Romã tem tudo de mim. E é todo este processo que procuro partilhar, de todas as formas possíveis, com quem comigo se cruza. Sinto-os sempre como processos com um toque espiritual. É essa intenção que coloco naquilo que faço e, por isso, espero que os outros sintam o mesmo.
Acredito profundamente que todos temos o nosso propósito de vida e, por enquanto, este é o meu.
"






- Sara Pinho (Rock n Bake)

"O amor cria histórias felizes que adoro contar em pequenos pedaços de madeira.
Desde cedo descobri o meu enorme gosto pelas artes; sou designer gráfica, estudei na Escola Artística e Profissional Árvore no Porto (onde fui muito feliz). Sempre fui uma sonhadora, sempre em busca de novas oportunidades e com um enorme interesse por gastronomia principalmente pastelaria, onde em forma de brincadeira comecei a desenhar cake toppers para os meus bolos em festas de família e notei que as pessoas gostavam bastante.
Assim, surgiu a ideia de criar a Rock n Bake e produzir cake toppers com vocabulário próprio, personalizados, tornando cada peça única com muitas histórias por contar. A Rock n Bake foi como um amor que me agarrou na mão, olhou-me nos olhos, abraçou-me levou-me a brindar e a lutar. Um amor indestrutível. Deixei o meu emprego e dediquei-me a 100% àquilo que mais gosto, cheia de medo, cheia de incertezas mas tão feliz por cada mensagem que enviam com o resultado final. Pessoas que dizem que a minha peça ajudou a transmitir aquilo que elas queriam para a sua celebração. Os meus cake toppers têm esse objectivo, adicionar um brilho especial ao bolo, como se fosse um pequeno mas sentido abraço com uma mensagem única para cada momento.São feitos em madeira e, assim podem ser guardados para sempre ou usar como peças decorativas, memórias.
Abram o vosso coração e a vossa mente para captar todas as emoções, a vida só vale a pena ser vivida se for rodeada de quem amamos e a celebrar o estar junto. Porque no fim, o que resta é o poder do amor, do humor e da amizade
."



É tão bom conhecer-vos... É tão ou ainda mais especial o privilégio que senti em que tenham feito estas partilhas tão pessoais comigo que se torna também muito especial poder dar-vos a conhecer.
Hoje ao escrever isto faço-o de forma ainda mais sentida, as emoções estão ao rubro... Mas tenho a certeza que quando isto passar e pudermos estar de novo todas juntas vamos fazê-lo de forma ainda mais bonita, feliz e intensa! Mal posso esperar por esse dia e por vos voltar a abraçar e agradecer por celebrarem a vida e a Bakewell comigo :*






Hoje vivemos o início da Primavera; o Equinócio, o dia das luzes iguais. Que este início e mudança de estação nos traga toda a luz e a positividade necessária para atravessar esta fase mais sombria.
Muita energia positiva, pensamentos de cura e abraços virtuais de mim para vocês.
Beijinhos para todos e até breve.




Estacionário e design floral: A Pajarita
Styling: Romã Eventos
Cabelo e make up: Patrícia Pinheiro Make Up
Toppers do bolo: Rock N Bake
Fotografia: Lovati Photography